O tédio perdeu o endereço
- Dilnei Dalpian
- 28 de set.
- 2 min de leitura
No meu caso — e acredito que no de outros pais solo também — desde que somos só nós dois, a rotina é interminável e muito cansativa. Termino uma coisa e já aparece outra para fazer. Às vezes estou fazendo duas coisas ao mesmo tempo, e lembro daquela frase de que “homem não faz duas coisas ao mesmo tempo”. Pura mentira! Vou misturando: preparo a janta enquanto brinco com ela, arrumo a mochila para o dia seguinte, logo mais ajudar nas tarefas da escola... E quando uma rotina parece estabelecida, ela muda completamente. O tal do tédio nunca chega a nos visitar.
E quando a casa fica naquele silêncio maravilhoso, logo me preocupo: provavelmente tem arte acontecendo. Banheiro cheio de água, escondida dentro do roupeiro, nas prateleiras de cima... Enfim, tudo que a imaginação dela permitir.
Algumas vezes me perguntam como consigo ter pique para acompanhar tudo. Eu respondo que não é fácil: acordar às 6 da manhã, às vezes ter só meia hora de intervalo no trabalho e só parar às 22 horas. Depois da escolinha ainda tem brincar, dar atenção, preparar o jantar, dar banho... Mas a vontade de participar, de estar junto, é bem maior que o cansaço. No fim das contas, tenho muito mais coisas boas do que ruins para me ajudar a seguir com energia.
Nosso dia é feito de altas aventuras para o tédio não aparecer: usar a imaginação, voltar a ser criança junto com ela, reviver aquele tempo tão gostoso em que a única preocupação era brincar e se divertir.
E há algo que sempre me chama a atenção. Em meio à era digital, das telas, na hora do banho ela vem com a mesma desculpa: “Pai, quero BRINCAR mais um pouco!”. Isso mesmo: brincar, e não assistir ou ficar nas telas. Mais um motivo para eu estar com ela, brincando, fazendo cócegas, rindo, nos divertindo — sem nenhuma tela por perto.
No fim das contas, a verdade é que aqui em casa o tédio não tem vez. Entre jantares improvisados, mochilas esquecidas, silêncios suspeitos e gargalhadas inesperadas, sempre sobra história para contar. E eu sigo firme — cansado, sim, mas muito mais feliz — nessa aventura diária que é ser pai. Afinal, com criança em casa, a gente nunca sabe se vai terminar o dia brincando, limpando o banheiro cheio d’água… ou os dois ao mesmo tempo.
No fim das contas, a verdade é que aqui em casa o tédio não tem vez. Entre jantares improvisados, mochilas esquecidas, silêncios suspeitos e gargalhadas inesperadas, sempre sobra história para contar. E eu sigo firme — cansado, sim, mas muito mais feliz — nessa aventura diária que é ser pai. Afinal, com criança em casa, a gente nunca sabe se vai terminar o dia brincando, limpando o banheiro cheio d’água… ou os dois ao mesmo tempo.





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