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O tempo que falta — e o amor que sobra

  • Foto do escritor: Dilnei Dalpian
    Dilnei Dalpian
  • 26 de out.
  • 2 min de leitura


A rotina, os desafios e as recompensas da paternidade solo

Ser pai solo é viver com o relógio nas mãos e o coração no colo. Entre horários, compromissos e responsabilidades, às vezes parece que o dia simplesmente não tem horas suficientes.

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Esses dias parei e comecei a pensar sobre todo o meu cotidiano — minhas atividades, deveres e o que faço com meu tempo — e percebi que, na verdade, não há tempo.

Certamente, como a maioria das mães e pais que estão sozinhos na criação de um, dois ou mais filhos, tudo parece cronometrado.

Para mim, o dia começa às 6 horas da manhã e termina, normalmente, só às 22 horas — mas às vezes se estende até a meia-noite.

Ou seja, cada minuto conta. Até tal hora preciso deixar a Alícia na escolinha, para não me atrasar no trabalho. Quando vou à academia, não posso passar de determinado horário, senão me atraso para buscá-la. E, se demoro a sair do trabalho, ela fica esperando na natação.

E assim vai, toda semana.

Além disso, há as surpresas do dia a dia: o dia do brinquedo, o lanche especial, os horários de psicólogos, médicos... e, claro, o tempo de brincar com ela, o tempo de qualidade, as rotinas de casa, janta, banho — e a conta só vai aumentando.

Essa é a vida real de muitos pais solos: uma mistura de correria, amor e tentativas diárias de equilibrar tudo.

Pode até parecer que estou reclamando, mas é justamente o contrário.

Tudo isso só me faz perceber o quanto sou sortudo em ter essa menina tão dengosa, carinhosa e alegre. Cada pedido de colinho, cada “pai, brinca comigo” me tira do automático e me faz perceber os pequenos detalhes do nosso dia — as alegrias escondidas.

E quando ela vem, pede colinho e dá um beijo, toda aquela rotina cronometrada desaparece. Abandono o que estou fazendo e me derreto, ficando com ela e percebendo toda aquela delicadeza.

Esses momentos são a prova de que, mesmo quando o tempo falta, o amor sempre encontra espaço.

No dia a dia, não é fácil organizar e conciliar tudo. Depois que ela dorme, ainda fico fazendo algumas coisas para facilitar o próximo dia, tentando deixá-lo mais leve.

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Mas é nesse silêncio da casa que percebo o quanto vale a pena cada esforço, cada noite curta, cada planejamento que dá certo (ou não).

Ser pai solo é isso: aprender todos os dias, errar, tentar de novo, e se orgulhar das pequenas vitórias.

Com o passar do tempo, conforme ela vai crescendo, vou percebendo o quanto estou no caminho certo.

Quando a vejo “escrevendo” um bilhete — detalhe: ela ainda não sabe escrever —, e vem, me entrega e lê:

“Para meu papai, meu herói. Com muito amor e carinho, da Alícia.”

Tem coisa mais gratificante?

A paternidade solo não é sobre dar conta de tudo — é sobre estar presente. É sobre transformar o cansaço em carinho, e o caos em aprendizado.

Talvez o tempo falte. Mas o amor, esse sempre sobra.



 
 
 

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